Revista Educação Gráfica

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PREFÁCIO

Percursos do Design
Arturo Carlo Quintavalle, no artigo Il falso problema delle origini (p. 98-01), Rivista Ottogano, edição de giugno de 1992, concluía que as culturas de projeto têm, de uma vez por todas, de ser repensadas, levando em linha de conta que não podemos fazer história com um único modelo e uma só tradição. Ao contrário, o historiador italiano da arte, da arquitetura e do design, defendia que temos de refletir sobre as diferentes ideologias de design, analisando seus antecedentes. Os pesquisadores do design -de acordo com o seu pensamento- têm que mergulhar na investigação histórica. Devem comparar os seus modelos, em parte obsoletos e, de qualquer modo, sem terem sido postos em causa, com aqueles que os historiadores têm cultivado, com grande rigor e debates aprofundados, ao longo do tempo. Mas esta não é uma apresentação sobre uma revista de história do design. E nem mesmo os artigos que a compõem sequer tratam deste tema. Então porque trazer para esta publicação da Revista Educação Gráfica, edição especial de 2008, esta proposição de Quintavalle? É que a natureza e âmbito do design – e nós temos aqui uma amostragem da pesquisa do design em nossa pós-graduação- dificilmente poderão ser abarcadas em uma formulação, tais as metamorfoses porque tem passado antes e depois da Bauhaus/Ulm, apenas para apontar uma charneira de referência demarcatória. As questões inerentes, desde o equivocado ou “falso problema das origens”, na expressão do historiador italiano, até à definição, conceito, natureza e âmbito de sua atuação, estão indissoluvelmente imbricadas com as suas ideologias subjacentes. Tanto parece ser assim o sinal dos tempos, ou este nosso zeitgeist, que em obra de referência internacional, Design; História Teoria e prática do Design de Produtos, última edição de 2005, Bernhard Bürdek abandona a idéia postular uma formulação de design como conceito. Em contraste, defende que a diversidade de definições e descrições, não se valida pela vontade dos pós-modernos -no que fica implícito, que nem pelo dos modernistas- mas que essa validação só poderá forçosamente ser feita por um justificável pluralismo. Em continuação, tentando preencher esse vazio, enumera alguns dos exemplos de problemas que o design deverá sempre atender (p 13-6). As questões inerentes aos paradigmas culturais e aos percursos do pluralismo vieram ocupando cada vez mais o campo dos debates, sobretudo a partir da década de 80 e com destaque para o cenário cultural italiano. A análise do design brasileiro e a busca de sua identidade também dificilmente poderão ser realizadas se deixarmos de nos debruçar, não apenas sobre a evolução de sua produção, mas também, sobre a variedade de pesquisas que vão, aos poucos, ocupando o imprescindível espaço acadêmico das publicações. É neste contexto e com os olhos postos neste objetivo, que a Revista Educação Gráfica, edição especial de 2008, expõe à avaliação de seus leitores algumas das investigações, em versão de resumos expandidos, realizadas pelos pós-graduandos do mestrado em Design na FAAC, UNESP.

Prof. Dr. Olympio José Pinheiro (*Professor do Departamento de Artes e Representação Gráfica, Professor do Programa de Pós-graduação em Design – Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação – UNESP)

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Prof. Dr. Olimpio José Pinheiro