Revista Educação Gráfica

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NAS FRONTEIRAS DA CULTURA E DO COMÉRCIO – REFLEXÕES SOBRE A EDUCAÇÃO EM DESIGN A PARTIR DA FILOSOFIA DE JOHN DEWEY

Resumo

As contribuições da teoria estética de John Dewey são largamente reconhecidas por artistas e designers. O objetivo deste ensaio é discutir como algumas ideias sustentadas pelo influente filósofo americano podem auxiliar na concepção de um programa educacional em design. Dilemas frequentes na educação em design são: arte versus negócios, teoria versus técnica. Pelos argumentos de Dewey, posições extremas são indesejáveis: em muitos aspectos de seu pensamento filosófico ele tende a rejeitar dicotomias, julgando-as como oposições falsas e assumidas indevidamente como naturais. Isto parece ser especialmente relevante no caso do design, um campo reconhecidamente complexo e interdisciplinar. Os argumentos estéticos de Dewey sugerem uma continuidade entre os territórios da cultura e do comércio, fronteira sobre a qual o design se assenta. Torna-se impossível defender um programa educacional que se foque ou sobre artes liberais ou mecânicas. Esta divisão clássica conduz a uma hierarquização das atividades humanas, enfrentada pela visão pragmática de Dewey, para quem utilidade é uma “contribuição direta e liberal para uma vida expandida e enriquecida”. Torna-se necessário superar estas dicotomias, se se espera oferecer um programa educacional capaz de dar peso e relevância às competências de um designer no contexto da economia criativa.

Palavras-chave: John Dewey; educação em design; pragmatismo.

Abstract

Contributions of John Dewey`s aesthetic theories have long been recognized by artists and designers. The aim of this paper is to discuss how some ideas held by the influential American philosopher may aid in conceiving an educational program in design. Frequent dilemmas in design education are: art versus business, theory versus technique. Following Dewey’s arguments, extreme positions are undesirable, as many aspects of his philosophical thoughts reject dichotomies, judging them as false oppositions that are mistakenly seen as natural. Dewey’s aesthetic comments suggest a continuity between the territories of culture and commerce, a frontier on which design, as a complex and interdisciplinary field, could be settled. It becomes impossible to sustain a program that focuses either on “liberal” or “mechanical arts”. This classical division leads to a hierarchization of human activities, challenged by Dewey’s pragmatic concept of usefulness: “contributing directly and liberally to an expanding and enriched life”. It becomes necessary to overcome this dichotomy, if one expects to offer an educational program that grants weight and relevance to the skills of a designer in a creative economy.

Keywords: John Dewey; design education; pragmatism.

Autores

Guilherme Mirage Umeda e Christiane Coutheux Trindade

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