Revista Educação Gráfica

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“EU ACHO QUE NÃO TEM PROBLEMA ELE BATER, PORQUE ELE É O HERÓI”: HORA DE AVENTURA E RESOLUÇÃO DE CONFLITOS / “I THINK IT’S OKAY FOR HIM TO HIT PEOPLE BECAUSE HE’S THE HERO”: ADVENTURE TIME AND CONFLICT RESOLUTION

Resumo

Este artigo discute questões relacionadas à resolução de conflitos na infância através de pesquisa de campo (com crianças, pais e animadores) baseada no desenho animado Hora de Aventura. A pesquisa indica que a maioria das crianças entrevistadas naturalizam respostas agressivas às situações de conflito tanto no ambiente ficcional (em relação às escolhas do personagem Finn, o herói da série animada) quanto no relato de suas vivências (nos conflitos do seu dia a dia). Averígua-se, ainda, uma contradição recorrentemente apresentada pelas crianças: o personagem “do bem” deve e tem direito de bater no personagem “do mal”, ao mesmo tempo, bater é considerado errado, e conversar é o certo. A deslegitimaçao das concepções dialógicas e assertivas são confirmadas a partir do entendimento, pelas crianças, que a conversa não seja de fato efetiva na resolução de conflitos. A pesquisa apresenta que, em contextos de maior vulnerabilidade (em comunidades carentes), há uma maior tendência da legitimação de modelos agressivos. Por fim, a presente pesquisa é comparada com outras pesquisas que também abordam a temática da violência e da resolução de conflitos.

Palavras-chave: violência, mídia, desenho, animação, aventura, infância

 

Abstract

This article discusses issues related to conflict resolution in childhood through field research (with children, parents and animators) based on the aesthetics and narrative of the cartoon Adventure Time. The results indicate that most of the children interviewed naturalize aggressive responses to conflict situations both in the fictional environment (regarding the choices of the character Finn, the hero of the animated series) and in their own experiences (day to day conflicts). Moreover, the children repeatedly stated one contradiction: the “good” character must and has the right to strike the “bad” character but, at the same time, hitting is wrong and talking is right. The delegitimation of the dialectical and assertive conceptions are confirmed from the children’s understanding that talking is not, in reality, an effective way of resolving conflicts. The results reveal a greater tendency to legitimize aggressive models in contexts of greater social vulnerability. Finally, this study is compared with other studies that also address the issue of violence and conflict resolution.

Keywords: violence, media, cartoon, animation, adventure, childhood

Autores

Pedro Faria Sarmento e Nilton Gonçalves Gamba Junior

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