Resumo

O presente artigo decorre de uma investigação no âmbito do ensino do desenho, em design. A dúvida acerca da atualidade e/ou pertinência do desenho manual associado ao projetar surge ciclicamente e será de prever que continuará surgindo, o que só abona a favor da importância das consequências de tal prática. O aparecimento da fotografia, em tempos, e o dos meios digitais aplicados à imagem, mais recentemente, obrigaram e obrigam ao permanente reequacionamento do estatuto do desenho e à redefinição dos limites da sua atuação, em múltiplas áreas do conhecimento. Podendo isto significar, para este, rejuvenescimento e reafirmação… pela diferença. Cremos que, para o designer, a prática de uma escrita gráfica pessoal, descoberta manualmente, pode ser vista no plano da urgência, do reduto e/ou do antídoto, num tempo em que os sistemas gerais de comunicação, tendentes ao fornecimento maciço e acelerado de informação e estímulo, desabituam da intervenção, da interpretação e do compromisso pessoais. É face ao risco da demissão crítica das linguagens e dos discursos que aqui se oferece escutar a proposta da manualidade. O desenho manual, como experiência sempre difícil e incerta, com raiz no corpo de um sujeito, encontra-se nos antípodas confortáveis das fórmulas, das vias unívocas ou estereotipadas.

Palavras-Chave: projeto/desenho, mão, autocrítica, fórmula/experiência, incerteza.

Abstract

This investigation stems from a research work focused on the teaching of drawing in design courses. As we know, the usefulness of the hand-made drawing towards the project seems to be cyclically called into question. Recently, the emergence of digital media applied to images opened one of these cycles, leading to the rethinking of the status of drawing and to the redefinition of the limits of its performance, the same way that the advent of photograph media did, more than a century ago. Crisis or opportunity? Indubitably, an opportunity for the renewal of youth of drawing and for its reaffirmation… through the difference! When the general communication systems supply swift and massive information, breaking habits of personal interpretation, intervention and commitment, the practice and development of a personal handwriting through drawing can be pointed out as an urgency, an antidote, a refuge, integrated in the designer’s academic education. Fighting the dismissal of critical languages, we ought to listen to the manual proposals. Manual drawing, deeply ingrained in the individual’s body, makes a bet on the difficulty and uncertainty of experience and rejects the easiness of formula, the false security of stereotypes and the univocal roads.

Keywords: project/drawing, hand, self-criticism, formula/experience, uncertainty.

Autores

Elisa Bernardo